sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

149, CONFRATERNIZAÇÃO VISEU REPESES, 2014




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Ia ficando o pessoal ocupado nas duras tarefas
da travessia, ao qual se fazia uma justa rendição
de tempos a tempos, o que provocou catrefas
de trocas e baldrocas e muita confusão
entre quem seguira e quem ficava ou estava indo.
Foi assim, por entre todo este enredo
que, entre o Rio Lué e Quipedro,
O Soldado Rosa ficou dormindo.

Nunca na vida se vira tão sozinho no mundo
como quando acordou, do pesado sono oriundo,
e viu apenas a escuridão densa da mata,
e sentiu o silêncio pesar toneladas,
e um nó no peito que não desata,
e um tremor de pernas derreadas,
e um atropelo no pensamento,
e uma mudez na fala,
e um medo sem aguento,
e uma fera ou uma bala,
e uma cova ou uma vala,
e um fim incógnito e inglório,
sem velório,
e um acordar do susto e da razão,
e ao analisar e medir a situação
reconheceu que apesar de só e perdido
ainda não tinha morrido.

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Do Poema " A transposição do Lué III" do livro "Esquadrão 149, A Guerra e os Dias" de José Neves.