sábado, 29 de junho de 2013

O COGNOME

OS 
MORCEGOS


Este é o velhinho, gasto pelo tempo e uso intenso, emblema usado na manga dos homens do Esq. Cav. 149 depois da campanha de Nambuangongo.
Quando em 01/Ago/61, após o acampamento na Fazenda Matombe, o Comando decidiu tomar a iniciativa arriscada e inovadora de avançar em progressão contínua noite e dia sem acampar, tal decisão deu origem a que entre os Soldados se começasse a falar de sermos como os morcegos. E como se passou a progredir mais de noite que de dia a ideia de que éramos como os morcegos alargou-se a todo o Esquadrão e ganhou consistencia como mais um motivo de orgulho e, sobretudo, tomado como mais um reforço para a força anímica e moral da Tropa. 
Desse modo, logo que terminada a campanha de Nambuangongo, Quipedro e Pedra Verde, chegados ao Caxito o próprio Comando, sempre atento aos pormenores de auto-estima dos Soldados, encomendou a uma bordadeira de Luanda a feitura dos emblemas do Esquadrão 149 tendo como símbolo o morcego em homenagem à iniciativa táctica invulgar que, sendo nosso emblema, foi também sempre a imagem do nosso modo de actuar durante toda a comissão de serviço em Angola.  

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Depois da estratégia estabelecida
de não dar descanso ao inimigo,
avançando noite e dia, sempre em partida,
tendo a viatura, a arma e o instinto como abrigo,
passámos noites e dias e noitadas
em cima e debaixo das viaturas.
E, tanto estavam as nossas Tropas habituadas
que, já melhor que os dias eram as noites escuras,
porque à noite as Tropas não eram atacadas,
tornando os Soldados mais audazes e afoites
sem tiros e desassossegos.
Os nossos melhores dias eram as noites,
à semelhança daqueles não-pássaros negros
chamados morcegos.
E sendo assim, justo se impunha 
que "Morcegos" fosse a nossa alcunha.

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Do livro "Esquadrão 149, a Guerra e os Dias" de José Neves. 

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